quarta-feira, 25 de julho de 2012

Sofrimento versus Esperança

O sofrimento é algo que não aceito. Não luto contra o sofrimento, mas apelo à harmonia, à paz, à saúde. Sentir o sofrimento de alguém que amamos é talvez sofrimento maior do que sofrermos. Uma mãe. Uma querida mãe. Saber que, dentro do seu corpo vive uma mulher corajosa, que sempre procurou a felicidade e, porque não, a liberdade alimenta o meu quotidiano. Dá-me alento, coragem e impulsiona-me a ser feliz. Não fala a minha mãe, mas diz tudo com o coração. Os olhos nem sempre obedecem, mas vê tudo: muito mais do que nós todos juntos. Pouco se mexe, mas mexe com a compaixão das pessoas que gostam dela. A minha mãe. Para se movimentar, há que segurá-la bem pertinho [nestas ocasiões, não a seguro só: abraço-a muito]. Assim, dá e recebe muitos abracinhos meus, da sua Dolores e da querida Débora. A Sandra, este anjo, com o seu amor ajuda-a a sentir-se melhor. A minha mãe adora o seu Tini [que não perde oportunidade de a lamber], afaga com admiração a corajosa e meiga Minie e procura, com a mão que ainda lhe obedece, a sua Aki, fiel guardiã felina. Há pouco, fui deitá-la. Todos os dias a minha irmã, com carinho, prepara a cama e os seus pijamas. Estava muito cansada. Juntas, meditámos. Lá ficou ao seu lado o Pancrácio Elias (um bonequinho muito fofinho, que tem uma voz esquisita: a minha]. Tenho saudades de a ter no comando da cozinha: chamava-a de "sargento" e ela ria. Brigava por eu arrumar o sal enquanto ainda era preciso. Mas sei que, presa pela Paralesia Supranuclear Progressiva (doença que devia ser PROIBIDA), a Iolandinha continua a querer e a ter esperança! Eu também.