Os olhares inocentes alheios a tanto cimento e betão armado... a impossibilidade de recordarem o negro basalto que testemunhou tantas lágrimas quando o barco tardava em chegar nos escuros dias do Inverno antigo. Rochas que tinham marcadas nas suas rugas profundas a expressão da alegria por uma campanha bem sucedida ou uma caça à baleia sem tragédias.
O mar, este mar que permite sonhar em azul... agitado por mãos e braços sincronizados na alegria de um dia "fora da escola", com a cumplicidade da professora que acredita na força dos seus meninos: estes rapazes fortes e valentes capazes de - imagine-se!- fazerem tempestades e aplacarem a ira dos elementos com um simples sorriso.
As mulheres (ainda meninas) safam os aparelhos em terra, tecendo também os enredos mais recentes da freguesias. As roupas são simples e belas, algumas rotas e sem cor de tanto secarem ao rocio.
Eis que então... o vigia manda uma roqueira e... zás! Todos os homens, que estavam nos campos, se lançam ao mar nos seus barquinhos. Músculos rijos, o olhar atento (ao que fazem e à sua professora) e é remar, é limpar o suor do rosto, é lançar o arpão da esperança neste mar...
Ainda há aos vendedores de peixe e os pescadores de pedra, já muito cansados porque ainda têm dentinhos de leite.
Agita-se um hino de homenagem ao baleeiro. Sei que ele ouviu, entre dois soluços: um por ver os nossos Poços descaracterizados, outro por tanto procurar a sua fábrica da baleia e só encontrar a chaminé. Sinal dos tempos? Sim, mas tempos de quê???